terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ainda prefiro o Amor


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Sou grato por ter uma visão que considero privilegiada para evitar embarcar na viagem repugnante sugerida por este video e por discordar de absolutamente tudo que ouvi neste video. É muito bom saber identificar alguém que prega a violência e a repressão travestido num discurso acalourado e calcado na moral e nos bons costumes que lembra e muito as experiências históricas marcantes dos séculos passados, periodos nos quais mulheres estavam plenamente submissas e subjulgadas aos homens, num mundo onde negros não podiam dividir assentos do transporte público com os brancos e homossexuais eram assassinados quando assumiam algum cargo político de destaque.

E ainda que eu tenha que dividir espaço com certas pessoas que, lançando mão de palavras relativamente bem elaboradas, tentam colocar a culpa de uma fatalidade na educação dada por familias que agora choram lágrimas de sangue pela perda brutal de seus entes queridos, estou numa posição confortável. Agradeço por jamais me deparar com uma tragédia que nunca teve destinatários certos e associa-la automaticamente a alguma espécie de retribuição.

Ainda é a genenorisade, a afeição e a verdadeira comoção que episódios como esses despertam em mim e na maioria das pessoas. Prefiro viver a vergonha de admitir ter desligado o televisor por não mais suportar presenciar de alguma forma a dor do meu semelhante e por querer mais do que tudo afastar aquele horror da minha realidade do que tentar atribuir uma tragédia às escolhas de vidas de outras pessoas, que sequer conheço, por conta de um estilo de vida. Prefiro esta vergonha, do que tentar "sugerir" a tantas outras pessoas um modo de viver evoluído que supostamente dará a elas acesso a um paraíso sei lá quando e sei lá aonde.

Arquei e sempre arcarei com minhas escolhas e sei que jamais terei que me socorrer na figura do "Inimigo" para fazer valer as minhas palavras e para manter aquilo que a minha convicção firmada em premissas razoáveis já me convence sobre o que é o correto. Quanta sorte eu tenho de poder articular aquilo que penso com sinceridade nas minhas palavras...

Como é bom saber que não sou um alvo unidimensional e fácil da chacota que é a nossa própria História, cedo ou tarde impõe àqueles que um dia pregaram conscientemente o mal em discursos fervorosos em nome de uma moral universal e inflexivel. As futuras gerações jamais zombarão de mim como hoje nós fazemos dos senhores de engenho, como fazemos com os escravagistas e com todas as pessoas que optaram por uma mentalidade mesquinha e reducionista no passado. Muito provalmente, aliás, os historiadores nem se preocuparão comigo. Serei mais alguém na multidão. Mas está tudo bem. Se for pra fazer parte de uma História perversiva como esta, ainda prefiro ficar à margem e viver desse meu jeito mesmo. Se um dia, contudo, eu tiver alguma sorte e me tornar alguém sobre quem valha a pena contar um pouco sobre a vida, não serei alvo fácil de esteriótipos vazios. Agradeço verdadeiramente por isso.

Quando se fala de crenças, pouco deveria importar o que vem a seguir. Crença pressupõe fé, um salto no escuro, mas não é isso que nós assistimos hoje em dia. Eu, pessoalmente, acredito em Deus, um Deus que está longe dessas instituições falhas criadas pelo homem, que não serve aos designios de pessoas que querem impor uma forma de pensar e agir de forma organizada e impositiva. Em última análise, acredito num Deus de amor e neste ponto talvez as diferenças comecem a atormentar algumas pessoas. Essse Deus de amor que eu concebo é um Deus ao qual eu respondo e honro com atitudes positivas sempre que posso, buscando viver em harmonia com o meus semelhantes e com o imponderável ao meu redor, respeitando as escolhas do próximo e honrando verdadeiramente aquilo que acredito ser o certo.

Agradeço a um Deus que não pensa que devemos ser pastores uns dos outros. Acredito num Deus que apenas se importa em provar seu imenso amor por nós ao nos dar a magnifica oportunidade da vida. Se este é o Deus que está na sua Biblia, no seu Alcorão, na sua imaginação ou se ele sequer existe para você, eu sinceramente pouco me importo. Onde ele está é irrelevante. Pra mim, basta que você não violente as pessoas em nome de um amor, de quem quer que seja, pois a despeito da palavra Deus, o Amor é livre de compromissos de crença, é apenas uma linguagem da qual todos nós compartilhamos e que jamais deve ser deturpada, por ninguém e nem em nome de ninguém.

Conselhos e "palavras" de nada adiantarão. Sei que apenas o amor confortará quem perdeu seus entes queridos nestes dias de tragédia e dor. Se o amor é Deus pra você, que seja. Se não for, que seja também. Sendo amor de verdade, onde quer que seja, é suficiente. Por fim, "I'm so sorry" pelo Deus odioso, mesquinho e moralista no qual uns e outros querem forçar todos nós a acreditarmos. Essa é a opinião de alguém que ainda prefere o Amor, independente de denominações.

            

3 comentários:

  1. O texto é bastante egocêntrico.... e muito, mas muito mais humano e respeitoso que o vídeo venenoso do senhor Albertinho. Parabéns pelo belo discurso.

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